segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Jaguarão a Treinta y Tres (Uruguai)







Hora Saída: 8h30
Hora Chegada: 20h15
Distância: 130 quilômetros

Meu primeiro compromisso do dia foi passar numa casa de câmbio ainda em Jaguarão e comprar pesos uruguaios. Após atravessar a ponte que divide os dois países, procurei a aduana e o departamento de migração para legalizar minha entrada no país. Procedimento rápido e simples. Neste momento uma chuva começou a cair, para fazer companhia ao vento já existente. Após 9 quilômetros percorridos, peguei a esquerda na Ruta 18 rumo a Treinta y Tres, capital do estado (departamento) de mesmo nome.

Aí o bixo pegou. O vento frontal não me permitiu andar com velocidades superiores a 10 km/h. As rajadas eram tão fortes que por várias vezes fui empurrado para fora da pista. Para completar, a chuva fina ia e vinha. Quem pedala sabe o quanto a soma destas duas intempéries dificulta o pedal. Por momentos, rezava pedindo proteção, por outros rechaçava o vento desferindo-lhe palavtrões (isto também acontece...), o que me deixou rouco. Nunca, em nenhum momento da vida de pedalante, passei por momentos tão difíceis.

Por várias vezes pensei que não seria capaz de completar o trecho pretendido. Nesta região do pampa uruguaio há enormes pastagens de rara beleza e perfeitas para o vento se deslocar ferozmente. Entre os quilômetros 30 e 38, a pavimentação asfáltica está sendo refeita, obrigando todos a andarem por um caminho de cascalho. Neste momento perdi uma de minhas garrafas de água.

Um fato interessante é o respeito que os motoristas têm pelo ciclista, apesar de não demonstrarem o menor interesse por este. Vergara está 56 quilômetros antes de Treinta y Tres. Dado minha condição lamentável, decidir inicialmente dormir por lá. Nada feito. Vergara é uma vila pequena e muito simples, e não possui hospedagem.

Retomada a estrada, decidi que a única possibilidade que teria de sobreviver seria pedalando. Já era 16h e o vento não dava o menor sinal de que iria aliviar. Como dificuldade pouca é bobagem, logo a estrada começou a ficar sinuosa, com subidas e descidas que mais pareciam uma montanha-russa. Talvez quem passe de carro nem perceba. O vento era tão intenso que quase parava a bike na descida e na subida. Bom, deixa para lá, já passou mesmo.Também fiquei sem água e sem comida, pois não há infra-estrutura de apoio nada neste trecho.

Quase doze horas após sair de Jaguarão chego a Treinta e Tres, com céu parcialmente limpo e vento mais brando. Foi difícil acreditar que consegui. Ops, conseguimos! No quarto do hotel, após o banho, ajoelhei para agradecer a conquista e também pedi perdão pelos palavrões.

Meu email de contato na viagem: pedalandopelaamerica@hotmail.com